15 de agosto de 2010

A opressão do silêncio


Eu nunca me senti tão incomodado como estou nesta eleição. Acostumado a lutar pelo voto, fazendo uma disputa aberta com os adversários, eu não sei aonde eles estão.

Os bairros estão silenciosos e os candidatos se movimentam como se o TRE fosse o Santo Ofício à caça de bruxas da Idade Média. O silêncio me oprime!

Sinto falta dos grandes comícios nos bairros, dos comícios-relâmpagos, dos enfrentamentos de militância. Essa eleição parece carro de som passando em frente de velório.

A oposição já jogou a toalha e isso facilita a guerra surda entre os candidatos proporcionais. Quando todo mundo quer se salvar, o debate de idéias fica em segundo plano. Isso é uma tragédia!

Para combater a injustiça de um candidato rico, que contratava Amado Batista, a nova lei eleitoral me proíbe de levar ao bairro, ao seringal, um cantor da terra, que dava vida à campanha e fustigava o silêncio e a apatia.

Deveriam ter disciplinado o valor de quanto cada candidato poderia gastar com músicos. Proibiram tudo, mas não fizeram nenhuma represa no rio para segurar as garoupas.

Proibiram camisetas (deveriam ter disciplinado a quantidade por candidato), mas deixam soltas as onças.

Esse silêncio prejudica a democracia e favorece o crime que, em todas as suas formas, age sem barulho e na sombra, sempre a mais vil.

Esse silêncio me oprime!

Moisés Diniz

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